sábado, 13 de dezembro de 2014

Finalmente encontrei...

Ela não lembrava o número da casa, tampouco o bairro, só se lembrava da rua. Lembrava do sorriso dela dizendo o nome da sua rua e seu número de telefone, mas, por alguma razão que ela não sabia, ela não conseguia se lembrar do detalhe mais importante: o número da casa daquela menina tão linda. Sim, claro que ela sabia qual era a razão: enquanto ela dizia esse pequeno detalhe, ela já havia se perdido no seu sorriso e nos seus olhos cor de madeira brilhantes.
Aquelas ruas cheias de pedras, aquela igrejas descascadas e, para ela que não entendia nada a respeito, todas amarelas desbotadas, aqueles morros e toda aquela neblina.. Que cidade linda. Que vontade de sentar no muro de uma igreja qualquer e deitar no colo dela, olhar o céu e todas aquelas nuvens brancas com formatos de coisas engraçadas. Encarar aquele olhar tão incrível que por tanto tempo parecia intocável, impossível. Acontece que agora não é mais. Agora ela está aqui. 
Não.. Não está mais. Ela foi. Não por muito tempo, mas foi. E agora ela está tão longe quanto seu coração, que costumava bater bem juntinho ao meu. Ela não está mais aqui dormindo ao meu lado e me acordando com beijinhos, ela não está mais aqui pra eu cuidar, pra eu encarar, tirar sorrisos e amar. Tão pouco tempo. Por quê, né? 
Porque a vida é assim, ela é cheia de encantos, travessuras e perigos. Você é minha mais nova travessura e meu mais novo encanto, só que esse encanto não parece ter fim. Já foi um, logo menos será dois e daqui a pouco, anos. 
Não vejo a hora de ter ela de mãos dadas comigo novamente, de poder parar ela no meio da rua e gritar para o mundo, ou só pra essa cidade tão pequena e tão cheia de traços bonitos, o quanto ela é minha. Essa cidade antiga que guarda tantas histórias, que já foi berço de muitos contos e paixões, que já guardou muitas lágrimas e já resguardou muitos abraços. Nessa cidade que nós não gostamos tanto de estar, mas que achamos uma razão para ficar.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Circuito não tão fechado...

Repressão. Desejo. Oculto. Beijo. Um mês. Talvez. Paixão. Ela. Sorrisos. Abraços. Mais beijos. Olhos. Olhares. Mãos. Mares. Mais abraços. Detalhes. Castanhos. Azuis. Girassóis. Verão. Chuva. Estações. Outono. Noites longas. Margaridas. Carinho. Bonita. Canções. Sonhos. Mais talvez. Amor. Histórias. Conforto. Tranquilidade. Risadas. Gostosura. Fofura. Gordices. Cupackes. Trinta. Primeiro. Primeira. Cuidado. Atual. Objetivos. Juntas. Cama. Luz. Álcool. Especial. Incrível. Neném. Ela. Amor. Mais mãos. Mais sorrisos. Gestos. Atenção. Esquecer. Não. Sim. Talvez. Construção. Flores. Minha. Sua. Nós. Pequena. Pequenos. Objetos. Animais. Mais amor. Mais fofura. Tufinho de algodão. Ursinho pimpão. Leãozinho. Vermelho. Coruja. Coelho. Balu. Filmes. Vinho. Papéis. Orquestra. Viagens. Café. Sorvete. Igrejas. Cidades. Novo. Nova. Você. Eu. Anos? Talvez. Competir. Não se esqueça.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Quando a saudade fala, nós paramos para escutar.

Acordei com o braço adormecido por dormir tanto tempo na mesma posição, sem conseguir me mexer, assustada, procurando por você. Acordei e paralisei por alguns segundos para respirar, ouvir você suspirar e sentir a realidade. Realidade essa de te sentir perto, de sentir tua pele sob a minha, teu corpo ao lado do meu e tuas mãos tão ligadas às minhas, durante tua inconsciência. Tão difícil pra mim acreditar que você é real, que você realmente está deitada ao meu lado, depois de tanto tempo, depois de tanto te olhar e te desejar calada, te querer como um sopro em um dia de verão. Não sei se saberia te comparar às estações, mas talvez você seja como o outono pra mim, porque com você as noites são mais longas, nós nos consumimos de uma forma tão leve e tão simples, nos desenvolvemos e nos construímos. Talvez também pelas mudanças bruscas de humor que você me causa, essa loucura, ansiedade, vontade, felicidade, euforia. Me perdoa. Me perdoa por ser impulsiva, pelas minhas risadas altas e por ser tão criança. Me permite brincar com seu corpo, contar suas curvas, beijar suas covinhas, passar a mão pelas suas costas até você dormir, me permite pousar meus olhos nos seus e te olhar por horas a fio, enquanto ouvimos músicas gostosas e trocamos risadas e sorrisos bobos, lindos os seus. Não deixe de conversar comigo, de beijar minhas mãos, de passar seus dedos pelo meu rosto e, até mesmo, de ouvir o silêncio comigo. Não deixe de me avisar quando estiver vindo, para eu abrir o meu coração e te esperar no portão. Me perdoa a insistência, perdoa os meus olhos penetrantes que só querem te conhecer um pouco mais a cada dia, perdoa minha falta de atenção e minhas explosões, minhas palavras cuspidas sem pensar. Mas não deixe de nos permitir deitar na cama, beber um vinho e assistir um musical, um terror, um romance e até uma comédia. É difícil não me sufocar com as palavras, a ponto de não pronunciá-las, tendo em vista o quanto estou apaixonada por você. Chego a engasgar com o ar que prendo enquanto te deixo ir embora. Fica, fica aqui comigo. Eu fico também. Nós ficamos. Lembra do dia na chocolateria? Foi naquele dia que eu soube que me apaixonaria cada dia mais por você. E aqui estou. Só me dê alguns minutos, minha cabeça está girando. A saudade está começando a falar. 

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Seja bem vindo de volta!

"Você sumiu!" disse o Sr. Bernardo, o senhor da mercearia. "Sumi nada, seu Berna! To aqui todos os dias como sempre!" e dei um meio sorriso simpático. Forçado. "Que nada menina! Faz mais de semanas que você não aparece! Até andei preocupado...". Essa exclamação do seu Berna me deixou preocupada. Há quanto tempo eu não saio de casa? Dois dias? Talvez três, no máximo. Não, ele disse que era mais de semanas, ou seja, mais do que calculei. Meu Deus! O que eu estou fazendo?
Parei pra pensar no que havia feito nesse últimos dias. Onde eu me perdi? 
Lembrando da rotina que criei, só conseguia me lembrar de dormir, dormir por horas a fio. E escrever, tive um flash de páginas esvoaçando pelos corredores da casa. 
Comprei o que precisava e fui correndo para casa. Precisava achar essas páginas e saber o que havia feito.
Entrei em casa e tudo parecia um campo minado. Como eu havia deixado minha casa daquele jeito? Fui pegando os papéis, um a um, deu quase um livro. Será que eu consegui, finalmente, escrever meu tão ansiado livro depois de anos do último fracasso? Sentei na cama, abri o pote de sorvete e comecei a ler cada página que havia escrito.
Senti um gosto horrível na boca. Olhei o sabor do sorvete e o que poderia estar errado: creme de ameixas. Seu favorito. Até quando isso? Até quando viver nesse automático? Joguei o pote de sorvete dentro do congelador. Deitei cama e comecei a ler aquelas inúmeras páginas rabiscadas. 
Depois de horas, voltei ao meu mundo e de repente senti. Senti aquela pancada, aquela náusea, aquele gosto amargo na boca e o nó na garganta. Por quê sempre quando temos uma desilusão na vida a que mais dói é a amorosa? Não estava acreditando no que lia naquelas páginas. Afinal de contas, não conseguia acreditar no que tinha acontecido. No que havia feito da minha vida. Definitivamente, ela não voltaria, ela não tinha motivos pra isso. E não havia nada que eu pudesse fazer que a traria de volta. 
Acabei descobrindo por quanto tempo "me ausentei". 27 dias. Não sabia o que fazer. Não sabia como estava na faculdade, no trabalho, não sabia o paradeiro da minha gata. Olhei ao redor, seu pote de comida e água estavam vazios, a janela estava aberta com um cinzeiro em cima do parapeito atolado de cigarros: Malboro de filtro vermelho, porque ela não gostava de coisas fracas. Já não conseguia mais sentir seu perfume amadeirado, "de classe" como ela mesma definia. Parei de pensar.
Sai correndo pela porta em busca do meu último bem precioso. Precisava me sentir útil pra alguém, precisava cuidar de alguém e amar, finalmente, quem sempre me amou. Bee estava ali, com aqueles olhos amarelos enormes e brilhantes, ansiando pela minha volta. Física e espiritual. Peguei ela no colo, fiz um carinho e voltei para casa.
"Precisamos reorganizar nossa vida agora, neném. Ela não vai voltar pra te amar mais do que eu sempre amei. Nem pra te dar seu biscoito favorito. Somos só eu e você agora." Ela me afagou, soltou um miado e pulou do meu colo. Foi se afofar do outro lado da cama, do lado que sempre foi reservado. Eu olhei para minha casa e sabia que precisava viver. Esses 27 dias foram passivos demais.
Peguei um pedaço de papel ao acaso que estava jogado perto da cama e apenas li: "O amor é como o vício em heroína. Você sabe que aquilo vai te destruir e, ainda assim, se sente incontrolavelmente atraído!" 
Peguei tudo, fiz uma enorme junção de páginas desgovernadas e joguei dentro de uma caixa. Coloquei no fundo do armário, onde não procuraria tão cedo. Limpei a casa. Tomei um banho. Bem vinda de volta!  

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Indas e vindas...


E então ela simplesmente desistiu, pegou o primeiro avião pra lugar nenhum e foi. Foi sem pensar, sem sentir, sem mais tentar. Seu coração já não aguentava mais.
Chegou no aeroporto e viu todas aquelas pessoas, correndo pra lá e pra cá, vivendo tão intensamente que até chegava a doer. Doía nos ossos, na pele, nos órgãos. Mas ela já não queria sentir dor. Então ela foi...
Cansou de textos de amor, de dor, tão pobres de cor. Cansou de tentar, simplesmente desistiu. Soube que depois daquela, as outras seriam insignificantes e os outros seriam só os outros. Cansou de pensar, de imaginar, de sonhar tantas vezes inutilmente.
Então ela acabou naquele bar caro de aeroportos e não queria olhar para os lados, sabia que ali nada havia, já não era mais seu ponto de encontro com aquela princesa que sonhou em possuir, sabia que ali havia apenas bebidas caras, corações vazios e mentes ocupadas. Ordenou ao garçom:
- A bebida mais cara e mais doce que você tiver, por favor. 
Ela sempre teve mais afeição por coisas doces, como bebidas e pessoas. Nunca fez questão das coisas caras e grandemente importantes, sabia encontrar nas coisas simples sua felicidade, quão clichê era isso?
Soube, a partir de então, que ela não era tão simples assim e foi toda aquela complexidade que a fascinou. Tão controversa! Por isso desistiu, soube que ela não estava preparada para sua tamanha simplicidade e doçura
tanto quanto ela estava preparada para a complexidade e imensidão dela.
Pegou o primeiro avião e partiu para outros encontros e mais desencontros! 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Causa perdida

"É claro, também, pelo que lá atrás ficou dito, que nada dura para sempre. Nada vai te satisfazer mais do que a auto-felicidade, que consiste na simples propriedade de nós mesmos nos fazermos felizes. 

Mas, por gentileza, não se engane, há uma coisa que também consegue nos fazer feliz, uma coisa clichê, mas que, na minha mera opinião de poetisa, também pode ser chamada de dom e, como qualquer outro dom, não são todas as pessoas que nascem com ele. Não é tão fácil amar, amor! Nem todo mundo sabe fazer bom uso de seus dons, nem todo mundo sabe lidar com eles. Quem não sabe, sofre e faz sofrer. E isto é quase um insulto, já que ninguém admite que sofre e ninguém sabe que faz sofrer. 

Fora isso, se você soubesse o sabor doce que o amor tem, amaria por toda a vida! Não só o amor fraterno, materno, paterno, não. É um amor diferente. É um amor pelo sorriso, pelo olhar, pelos trejeitos, pelas qualidades e defeitos, pelo modo de andar, de falar, de demonstrar. Não necessariamente por uma pessoa, mas quando isso acontece... Ah! Todos sabem quando isso acontece. Basta observar só um pouquinho, só de te ver em qualquer lugar, todos saberão que você está apaixonada. Todos saberão que você encontrou alguém para aquecer seu coração e nem precisa ser recíproco, só de saber que está lá, que existe, que se ama, o inverno nunca será tão esperado apesar de ser tão frio... Você sabe que a vida e aquele sentimento tão adocicado estarão lá para tornar tudo mais afável.

Há uma linha tênue, sublime, entre o caos e a ordem que o amor causa dentro da gente e a tendência não é acalmar, não... É só multiplicar, ele vai crescer e vai crescer com um entusiamo exagerado e uma paixão desenfreada."
Foi assim que eu consegui entender o amor. E, por fim, no embalo dessa noite fria de outono, ela terminou: 

"Conforme-se, meu bem, se você ama! O amor faz parte das coisas mais simplórias e como já dizia Ana: o amor ocupa o primeiro lugar da lista das causas perdidas."

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Fugindo da rotina...

Ela sai do trabalho, passa no mercado, compra seu suco favorito, um chocolate, para ver se ainda há um certo doce no tempo, e pega o caminho de casa. Vai pensando em tudo que vem acontecendo nos últimos dias, tudo tão confuso, tão inquieto e tão complicado. Não consegue mais distinguir seus sentimentos, sua razão, não consegue mais controlar seus impulsos, o que antes estava sob rédeas, já havia perdido as estribeiras. 
Chega em casa, toma um banho para acalmar os ânimos, olha para a cama, para o sofá e pensa "O único dilema que poderíamos ter na vida é entre deitar na cama e tirar um cochilo ou simplesmente sentar no sofá, tomar um café e escrever...", sendo assim, preparou um café forte, colocou o suco na geladeira, pegou seu chocolate, seu computador e foi para o sofá, sabia que precisava, que deveria, colocar todos aqueles sentimentos, indecisões, conflitos e um pouco da razão que lhe restava para fora.
Abriu o bloco de notas e começou a digitar tão freneticamente quanto as batidas do seu coração, quanto as batidas do coração dela, que havia escutado tão nitidamente na noite anterior. 
"Ainda parece um sonho, um confuso, intenso e nítido sonho, daqueles que você não quer acordar, daqueles que tem algo te puxando pra sanidade e você quer simplesmente ficar no inconsciente, observando, aproveitando, apenas curtindo. Não parece real quando você me chama pra dentro de você, claro, não no sentido literal, mas quando você me deixa saber mais sobre seus pensamentos e até sobre seus sentimentos. Isso deveria acontecer com mais frequência para eu conseguir lidar, para eu conseguir digerir e passar a acreditar mais. Não que eu não acredite em você, acredito demais nas coisas que me diz e por isso, quase sempre, não sei reagir a você. Talvez isso aconteça mutuamente, não sabemos como reagir uma a outra, só queremos seguir esse impulso, entende? Não, acho que já to perdendo a cabeça. Será que trocamos nossos papéis? Até outro dia eu era a impulsiva e você a racional, e como estamos agora? Talvez devêssemos..."
O telefone acendeu, era uma mensagem: "Acho que você deveria aparecer aqui na porta da sua casa."
O coração vibrou, seus olhos encheram de lágrimas e ela simplesmente não sabia o que fazer. Olhou para a tela do computador, tentou pensar em qualquer outra palavra pra continuar aquele texto e não havia nada, em branco, tudo simplesmente se esvaiu. 
Ela fechou o computador, prendeu e soltou o cabelo umas cinco vezes, se olhou no espelho, viu aqueles olhinhos brilhando e disse pra si mesma "Deixa desandar, quem sabe assim você encontra seu caminho, boba...", foi correndo até a porta e sabia que, naquela tarde, ela seria tão feliz quanto na noite de ontem.